18 April 2011

cristal

Seagull by Koen Hillewaert
Sim, foi que nem um temporal/ Foi um vaso de cristal/ Que partiu dentro de mim/ Ou quem sabe os ventos/ Pondo fogo numa embarcação/ Os quatro elementos/ Num momento de paixão/ Deus, eu pensei que fosse Deus/ E que os mares fossem meus/ Como pensam os ingleses/ Mel, eu pensei que fosse mel/ E bebi da vida/ Como bebe um marinheiro de partida, mel/ Meu, eu julguei que fosse meu/ O calor do corpo teu/ Que incendeia meu corpo há meses/ Ar, como eu precisava amar/ E antes mesmo do galo cantar/ Eu te neguei três vezes/ Cais, ficou tão pequeno o cais/ Te perdi de vista para nunca mais / Mais, mais que a vida em minha mão/ Mais que jura de cristão/ Mais que a pedra desse cais/ Eu te dei certeza/ Da certeza do meu coração/ Mas a natureza vira a mesa da razão...
Música de Chico Buarque e Francis Hime

14 April 2011

tarde no campo

Picture by Konaboy ; Flickr
Caminho do campo verde / estrada depois de estrada.  Cercas de flores, palmeiras, / serra azul, água calada. Eu ando sozinha / no meio do vale. / Mas a tarde é minha Meus pés vão pisando a terra / Que é a imagem da minha vida:  tão vazia mas tão bela, / tão certa, mas tão perdida! Eu ando sozinha / por cima de pedras. / Mas a flor é minha.  Os meus passos no caminho / são como os passos da lua; vou chegando, vai fugindo, / minha alma é a sombra da tua.  Eu ando sozinha / por dentro de bosques. / Mas a fonte é minha. De tanto olhar para longe, / não vejo o que passa perto, meu peito é puro deserto. / Subo monte, desço monte Eu ando sozinha / ao longo da noite, / Mas a estrela é minha.

(Cecília Meireles)
Just love it