/Olhos de Montanha/
"(...) seus olhos de montanha aparecem cobertos sob a cerração, deitados sob as pálpebras ainda pesadas. A montanha abraça a cidade e cresce verde em uma suave curva. De longe ela parece maior e mais distante do que realmente é. E a bruma da manhã nunca se dissipa totalmente, deixando o cume embaçado à vista. Ali, na montanha, seus olhos se escondem imensos, brilhantes e côncavos, plácidos como uma lagoa. São olhos de ambígua sabedoria. De um sorriso quase permanente — daqueles que não tem pressa de ir embora. Olhando a serra em dias de muito sol não se vê nada além da elevação escultural da terra. Mas, quando menos se espera, seus olhos se abrem a fitar-me curiosamente como se alguma coisa lhes chamasse a atenção. Sou tomada pela idéia de que os meus próprios olhos não enxergam bem. Não vêem o que está a minha volta. E é então que os olhos da montanha sorriem. Talvez compreendam o que eu deixo escapar."
segunda-feira, 28 de junho de 1999 - Minas Gerais
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