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Ah, insensatez que você fez/
Coração mais sem cuidado/
Fez chorar de dor o seu amor/
Um amor tão delicado
Coração mais sem cuidado/
Fez chorar de dor o seu amor/
Um amor tão delicado
Cravou um punhal no meu amor, como nos filmes. E veio rasgando palmo a palmo. Cirurgicamente. Sem piedade. Natural como um bicho comendo outro bicho. Um ciclo. Cada coração lutando a própria sobrevivência corpo a corpo. □ Eu aceito — a carnificina necessária frente à desilusão e o desencontro. É preciso não ter dó; assassinar a punhaladas mesmo. Como animais. Em que o gesto mais violento nem sempre faz sangue ou nos quebra os ossos. □ Basta uma ausência com força de explosão atômica aniquiladora e já viramos pó. Basta incompreensão do tipo agudo sem defesa. Basta um desalinho de órbitas e queimamos no contato da estranha atmosfera. Outra vez carne e fogo. Outra vez pó. □ Na vida como nos filmes, esta fatalidade fortuita: e quem nos conduz emoção e pensamento? Não sei. Porque andam sós; emancipados; sem nos prestar satisfação. E vez ou outra saem por aí cometendo crimes de amor ou desamor; tão cruel quanto ingenuamente. □ Com o punhal cravado no peito lembro esta verdade tão serena. Eterna. Em que não há pecado ou culpa. Onde a gente morre amparado de certo perdão. Nós mesmos a nos redimir morrendo. De forma tão dolorosa ou mais — morte é sempre morte. E ela sempre vem. Aos poucos ou assim grotesca; nos dilacerando e expondo vísceras e alma aos urubus.
insensatez
nossa de cada dia
/ao alto: música de vinícius/
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