por que?
— Por que me falas nesse idioma?/ perguntei-lhe, sonhando./ Em qualquer língua se entende essa palavra./ Sem qualquer língua./ O sangue sabe-o./ Uma inteligência esparsa aprende/ esse convite inadiável./ Búzios somos, moendo a vida/ inteira essa música incessante./ Morte, morte./ Levamos toda a vida morrendo em surdina./ No trabalho, no amor, acordados, em sonho./ A vida é a vigilância da morte,/ até que o seu fogo veemente nos consuma/ sem a consumir.
[Cecília Meireles]
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